sábado, 7 de fevereiro de 2009

CASAL DA SERRA

ATRIBULAÇÕES DE UM CHAFARIZ

Até à primeira década do século XX, a população do Casal da Serra abastecia-se de água, para consumo doméstico, essencialmente, de uma fonte de mergulho, chamada Fonte Velha, que existia na Tapada da Fonte, situada nas traseiras das primitivas casas, e pertença dos donos da Casa Grande. As gentes do lado poente da aldeia e da Patã abasteciam-se num nascente que existiu no lugar de Ferrarias.

A água desta Fonte Velha era empresada para rega das terras da Tapada da Fonte, quando necessário, ou escorria por uma regueira, saltando na Gola da Bica, próximo da Rua das Amoreiras. Aí atravessava o caminho para ser empresada num tanque, onde as mulheres lavavam a roupa e a rapaziada tomava banho.

Ainda na primeira década do século XX, o caudal da Fonte Velha diminuiu acabando por secar. Foi aberta uma mina para exploração de água, num terreno junto da actual capela, que não deu resultados satisfatórios.

Na segunda década do mesmo século, Antónia Luísa e seus filhos, José Mendes, António Mendes, Simão Mendes e Mariana Mendes, proprietários da Casa Grande, autorizaram os representantes do povo a abrir uma mina, num seu terreno, no lado norte da Calçadinha, frente àquela casa, na condição da população apanhar água para os consumos domésticos e os sobejos escorrerem para os quintais dos mesmos proprietários, com a combinação de ser construído um chafariz nas proximidades da abertura da mina.

A água brotou em grande quantidade e, durante anos, correu por uma telha, na boca da mina, sendo depois colocado um cano metálico, onde era apanhada a água.

Em 1937, foi construído um chafariz, com duas bicas, a alguns metros para o lado esquerdo da mina, em frente do balcão da Casa Grande, e foi aberto um pequeno túnel, para condução das águas sobrantes para as terras dos referidos proprietários, onde existiu a Fonte Velha, que secara.

Numa noite, o chafariz foi desmontado (dizendo os interessados na mudança que caíra) e as pedras transportadas para o Terreiro, onde o mesmo foi erguido e se encontra actualmente, sendo inaugurado em Novembro de 1937, com pompa e banda de música. As águas sobrantes foram vendidas, pelos representantes do povo, a proprietários de quintais próximos, destinadas a regas, sendo subtraídas às pessoas a que se destinavam, ou seja, os proprietários do terreno onde se situa a mina, conforme o contrato verbal. O dinheiro dessa venda reverteria para a construção de uma escola, o que não aconteceu.

A família Mendes protestou contra a mudança do chafariz, porque assim lhes foram usurpadas as águas, justificando que o contrato não fora cumprido. O povo, especialmente as mulheres, não deu razão aos protestantes e o chafariz continuou no Terreiro. Algumas mulheres vestiram as saias do avesso e manifestaram-se contra a família Mendes, em arraia pelas ruas, cantando quadras em tom de troça.

ALBANOMENDES DE MATOS







quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

APRESENTAÇÃO DO LIVRO A "CASA GRANDE" DE ALBANO MENDES DE MATOS

No dia 17 de Janeiro de 2009, foi apresentado, na Biblioteca Eugénio de Andrade, pela Câmara Municipal do Fundão, o livro A Casa Grande, de Albano Mendes de Matos, nascido em Castelo Novo, mas registado como natural de Casal da Serra, São Vicente da Beira.
O livro, romance ou conjunto de histórias, mais ficção do que realidade, com acções passadas em Casal da Serra, na Casa Grande, actualmente em ruína, no espaço da Gardunha e na Vila, foca episódios que evidenciam a ruralidade do povoado, num período das lutas liberais do século XIX.
O livro, distinguido com o Prémio Aquilino Ribeiro, em 2007, foi publicado pela Editora Sopa de Letras, sediada na Parede.


Sessão de apresentação do livro: da esquerda para a direita, Dr. Paulo Fernandes, Doutora Antonieta Garcia, o autor e Dr. Pedro Salvado.


Capa do livro.